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LIBER CDLXXXIX


Uma Estrela à Vista

 

 

A.·.A.·.

Publicação em Classe B

 

Tradução: Frater EVER a.k.a. Marcelo Ramos Motta

 

Teus pés na lama, a tua face escura,

Ó homem, que penosa condição!

A dúvida te afoga, e a vida dura

Para sofrer: Vontade ou percepção

Para lutar e faltam. Nessa agrura,

Nenhuma estrela, não!

 Teus Deuses? São bonecos dos teus padres.

“Verdade? Tudo é relativo!” diz

O cientista. Queres que tu ladres

Com o teu cão… E por que não? Servis,

Ambos, e o amor-instinto os faz compadres.

Mas que vida infeliz!

Tua carniça estremeceu de ver-se

Um torrão, atirado pela chance,

Do barro universal; sem alicerce,

Sofrendo, e para quê? Pois que alcance

Dá o acaso e este barro a contorcer-se?

Mas que tolo rimance!

Todas as almas são, eternamente;

Cada uma indivídua, ultimal.

Perfeita; cada faz-se um véu da mente

E carne, e assim celebra o seu bridal

Com outra gêmea máscara que sente

Amar de amor lustral.

 Alguns, embriagados com seu sonho,

Não querem que ele finde, e se confundem

Com o jogo de sombras enfadonho.

Um astro então que chame os que se afundem

Na ilusão, e eles brilham no risonho

Lago da vida e fundem…

 Tudo que começou não terá fim;

O universo perdura porque é.

Portanto, Faze o que tu queres; sim

Todo homem e toda mulher estrela é.

Pan não morreu; Pan, ele vive! Assim,

Quebra os grilhões! De pé!

 Ao homem venho, número de um homem

Meu número, Leão de Luz; enrista

A Besta cuja Lei é Amor; pois tomem

Meu Amor sob vontade e vejam! – Crista

De sol interna e não externa!… Homem!

Eis uma estrela à vista!

Um Relance da Estrutura e Sistema da Grande Fraternidade Branca

  1. A Ordem da Estrela chamada S.S. é, com respeito à sua existência sobre a Terra, uma organização de homens e mulheres distintos dos seus semelhantes pelas qualidades aqui enumeradas. Eles existem em sua própria Verdade, que é ao mesmo tempo universal e única. Eles se movem de acordo com suas próprias Vontades, que são cada qual única, entretanto coerente com a vontade universal.

Eles percebem (isto é, compreendem, conhecem e sentem) em amor, o qual é ao mesmo tempo único e universal.

  1. A Ordem consiste de onze graus ou degraus, numerados como segue. Esses números compõem três grupos, subdivisões da A∴A∴; respectivamente as Ordens da S. S., da R.C. e da A.D.

A Ordem da S.S.

Ipsissimus ……………………………………….. 10°=1

Magus     ………………………………………….  9°=2

Magister Templi ………………………………… 8°=3

A Ordem da R.C.

(Bebê do Abismo – o elo)

Adeptus Exemptus ……………………………. 7°=4

Adeptus Major ………………………………….. 6°=5

Adeptus Minor ………………………………….. 5°=6

A Ordem da G.D.

(Dominus Liminis – o elo)

Philosophus …………………………………….. 4°=7

Practicus  ……………………………………….. 3°=8

Zelator     ……………………………………….. 2°=9

Neófito  …………………………………………… 1°=10

Probacionista  ………………………………… 0°=0

(Estes números têm significados especiais para o iniciado e são comumente empregados para designar os graus.)

As características gerais e atribuições desses Graus são indicadas pelas suas correspondências sobre a Árvore da Vida,[1]como pode ser estudado em detalhes no Livro 777.

Abaixo do Probacionista existe o

Estudante:Seu dever é adquirir um conhecimento intelectual generalizado de todos os sistemas de iniciação prescritos pelo currículo da A∴A∴[2](Ver plano de estudos no Apêndice I de “Magick” por To Mega Therion, e Equinox III (1).)

Probacionista: Seu principal dever é começar quais práticas ele prefira, e escrever um relatório cuidadoso das mesmas por um ano.

Neófito: Deve adquirir perfeito controle sobre o Plano Astral.

Zelator: Seu trabalho principal é adquirir completo sucesso em Asana e Pranayama. Ele também começa a estudar a fórmula da Rosa-Cruz.

Practicus: Deve completar seu treino intelectual, e particularmente estudar a Qabalah.

Philosophus: Deve completar seu treino moral. Ele é provado em Devoção à Ordem.

Dominus Liminis: Deve demonstrar maestria em Pratyahara e Dharana.

Adeptus Minor(externo):Deve realizar a Grande Obra e alcançar o Conhecimento e Conversação do seu Sagrado Anjo Guardião.

Adeptus Minor (interno): É admitido à prática da fórmula da Rosa-Cruz ao ingressar no Colégio do Espírito Santo.[3]Ele deve ser um mestre em dhyāna.

Adeptus Major: Obtém uma maestria geral de Magick prática, se bem que sem entendimento.

Adeptus Exemptus: Completa em perfeição todas essas matérias. Então, ele tem duas alternativas: ou se torna um Irmão do Caminho da Mão Esquerda, ou é despido de todos os seus poderes e de si próprio, mesmo do seu Sagrado Anjo Guardião, e torna-se um Bebê do Abismo, o qual, tendo transcendido a Razão, nada faz senão crescer no útero de sua mãe. O Bebê então se percebe um

Magister Templi: Suas funções estão circunstanciadamente descritas no Livro 418, como toda essa iniciação a partir do Grau de Adeptus Exemptus. Veja também “Aha!”. O principal dever do Mestre do Templo é cuidar do seu “jardim” de discípulos, e obter uma compreensão perfeita do Universo. Ele é um Mestre de Samadhi.

Magus: Atinge à sabedoria, declara sua lei (veja-se Liber I, vel Magi) e é um mestre de Magia no senso mais amplo e mais elevado desta palavra.

Ipsissimus: Está além de tudo isso, e além de toda compreensão desses de graus inferiores.

Porém desses últimos três Graus vê-se algumas informações adicionais em The Temple of Solomon the King, Equinox I a X e em outros lugares.

Devemos observar aqui que esses Graus não são necessariamente atingidos por completo, manifestados por completo em todos os planos. O assunto é muito difícil, e inteiramente além dos limites desta pequena monografia.

Anexamos a seguir uma descrição mais detalhada.

A Ordem da S.S.

  1. A Ordem da S.S. é composta desses que cruzaram o abismo.[4]As inferências desta expressão podem ser estudadas no Livro 418, especialmente os Æthyrs 14, 13, 12, 11, 10 e 9.

Todos os membros da Ordem estão em completa posse das Fórmulas de Consecução, tanto as místicas, ou de direção centrípeta, quanto as mágicas ou de direção centrífuga. Eles têm completa experiência de ambos estes caminhos.

Eles estão ligados pelo Juramento original e fundamental da Ordem, e por esta razão devem devotar suas energias a assistir ao Progresso de seus inferiores. Aqueles que aceitam as recompensas de sua emancipação para si próprios não estão mais dentro da Ordem.

Membros da Ordem podem fundar Ordens dependentes deles mesmos, nas linhas das ordens R.C. e da A.D., para cobrir tipos de emancipação e iluminação não contemplados pelo sistema original (ou principal). Tais ordens devem, no entanto, ser constituídas em harmonia com a A∴A∴ no que se refere aos princípios essenciais.

Todos os membros da Ordem estão de posse da Palavra do Æon em vigor, e governam-se de acordo com ela.

Eles podem comunicar-se diretamente com todo e qualquer membro da Ordem, como bem quiserem.

Todo Membro ativo da Ordem destruiu tudo que Ele é e tudo que Ele tem ao cruzar o Abismo; mas uma estrela aparece nos Céus para iluminar a Terra, a fim de que ele possua um veículo através do qual possa comunicar-se com a humanidade. A qualidade e posição dessa estrela, e suas funções, são determinadas pela natureza das encarnações transcendidas pelo Membro.

  1. O Grau de Ipsissimus não deve ser descrito por completo; mas seu princípio é indicado em Liber I vel Magi.

Existe também uma descrição em certo documento secreto que será publicado quando conveniente. Aqui diz-se apenas: O Ipsissimus está completamente livre de toda e qualquer limitação, existindo na natureza de todas as coisas sem discriminação de quantidade ou qualidade. Ele identificou Sernão-Ser e Vir-a-Ser, ação, inação e tendência à ação, com todas as outras triplicidades, não distinguindo entre elas com respeito a quaisquer condições, ou entre qualquer coisa e qualquer outra coisa com respeito a se é com ou sem condições.

Ele jura aceitar este Grau na presença de uma testemunha, e expressar sua natureza em palavra e ação; mas a retirar-se imediatamente para o interior dos véus de sua manifestação natural como ser humano, e manter silêncio durante sua existência humana quanto à sua consecução, mesmo para com outros membros da Ordem.

O Ipsissimus é preeminentemente o Mestre de todas as modalidades de existência; isto é, seu ser está inteiramente livre da necessidade interna ou externa. Sua tarefa é destruir toda tendência a construir ou cancelar tais necessidades. Ele é o Mestre da Lei de Insubstancialidade (Anatta).

O Ipsissimus não tem relação como tal com qualquer Ente; Ele não tem vontade em qualquer direção, nem Consciência de qualquer tipo envolvendo dualidade, pois n’Ele está tudo realizado; como está escrito: “além da Palavra e do Louco, sim, além da Palavra e do Louco”.

  1. O Grau de Magus é descrito em Liber I vel Magi, e há também descrições do caráter deste Grau em Liber 418, nos Æthyrs mais altos.

Existe também uma completa e precisa descrição da consecução deste Grau no Relatório Mágico da Besta 666.

A característica essencial do Grau é que seu possuidor pronuncia uma Palavra Mágica Criadora que transforma o planeta no qual ele vive pela instalação de novos oficiantes para presidir à iniciação planetária. Isto acontece apenas durante um “Equinócio dos Deuses” ao fim de um Æon; isto é, quando a fórmula secreta que exprime a Lei de ação do Æon que finda torna-se usada e inútil para o desenvolvimento subsequente do planeta.

(Por exemplo: “Sugar” é a fórmula de um bebê; quando os dentes aparecem, marcam o princípio de um novo “Æon” cuja “Palavra” é “Comer”.)

Por esta razão, um Magus pode aparecer completamente como tal ao mundo apenas a intervalos de alguns séculos; narrações de Magi históricos, e suas Palavras, são dadas em Liber Aleph.

Isto não quer dizer que um único homem possa atingir este Grau durante qualquer Æon, no que concerne à Ordem; um homem pode fazer progresso pessoal equivalente àquele de “Palavra de um Æon”; mas se não for tempo de um “Equinócio dos Deuses”[5]ele se identificará com a palavra corrente, e exercerá sua vontade para estabelecê-la, a fim de que não haja conflito com o trabalho do Mago que pronunciou a Palavra do Æon em que Ele está vivendo.

O Magus é mais que tudo o Mestre de Magick, isto é, sua vontade está inteiramente livre de diversão interna ou oposição externa.[6]Seu trabalho é criar um novo Universo de acordo com Sua Vontade. Ele é o Mestre da Lei de Mudança (Anicca).

Para alcançar o Grau de Ipsissimus, ele deve realizar três tarefas, destruindo os Três Guardiões mencionados em Liber 418 (Terceiro Æthyr); Loucura, Falsidade e Glamour, isto é, Dualidade em Ação, Palavra e Pensamento.

  1. O Grau de Mestre do Templo é descrito em Liber 418, como indicamos acima. Existem completos relatórios nos Diários Mágicos da Besta 666, o qual foi projetado no Céu de Júpiter[7], e de Omnia in Uno, Unus in Omnibus, o qual foi projetado na esfera dos Elementos[8].

A Consecução essencial é o aniquilamento completo daquela personalidade que limita e oprime o verdadeiro ser.

O Magister Templi é preeminentemente o Mestre de Misticismo, isto é, Seu Entendimento está inteiramente livre de contradição interna ou obscuridade externa. Seu trabalho é compreender o Universo existente de acordo com Sua própria Mente. Ele é o Mestre da Lei de Sofrimento (Dukkha).

Para atingir o Grau de Magus ele deve realizar Três Tarefas: renúncia de Seu deleite no Infinito, para que ele possa formular-Se como o Finito; aquisição dos segredos práticos da iniciação e do governo de Seu proposto novo Universo; e identificação de si mesmo com a ideia impessoal do Amor. Qualquer Neófito da Ordem (alguns dizem que qualquer pessoa) tem o direito de exigir o Grau de Mestre do Templo tomando o Juramento do Grau. Não deve ser preciso dizer que fazer tal coisa é a mais sublime e mais terrível responsabilidade que se pode assumir, e uma pessoa imerecedora incorre as mais tremendas penalidades pela sua presunção.[9]

A Ordem da R.C.

  1. O Grau de Bebê do Abismo não é exatamente um Grau, sendo antes uma passagem entre as duas Ordens. Suas qualidade são inteiramente negativas, sendo fruto da resolução do Adeptus Exemptus de abandonar para sempre tudo que ele tem e tudo que ele é. É portanto uma aniquilação de todos os ligamentos que compõem o ente ou constituem o Cosmos, uma decomposição de todos os complexos em seus elementos; e tais complexos cessam portanto de manifestar-se, desde que as coisas só podem se conhecidas em relação e em reação umas com as outras.
  2. O Grau de Adeptus Exemptus confere autoridade para governar as Ordens da R.C. e da A.D.

O Adepto deve preparar e publicar uma tese declarando Seu conhecimento do Universo e suas propostas para seu bem-estar e progresso. Ele será assim conhecido como dirigente de uma escola de pensamento.

(A Chave dos Grandes Mistérios de Eliphas Levi, as obras de Swedenborg, von Eckartshausen, Robert Fludd, Paracelso, Newton, Bolyai, Hinton, Berkeley, Loyola, etc. etc. são exemplos de tais teses.)

Ele terá alcançado tudo, porém o topo supremo da meditação e deverá estar preparado para perceber que o único curso possível para si é devotar-se abertamente a ajudar suas criaturas companheiras.

Para atingir o Grau de Magister Templi ele deve executar duas tarefas: a emancipação do pensamento pela comparação de toda ideia com a ideia oposta, e recusa de preferir uma à outra; e a consagração de si mesmo como veículo puro para a influência da ordem a que ele aspira.

Ele deve então decidir-se quanto à aventura crítica da nossa Ordem: o abandono absoluto de si mesmo e suas consecuções. Ele não pode permanecer indefinidamente um Adepto Exempto; ele é impelido para frente pelo irresistível momento que ele gerou.

Se ele falhar, voluntariamente ou por fraqueza, em fazer a sua aniquilação absoluta, ainda assim ele é arremessado ao Abismo; mas em vez de ser recebido e reconstruído na Terceira Ordem, como um bebê no útero de Nossa Senhora BABALON, sob a Noite de Pan, para crescer e ser Si Próprio como Ele não era previamente, ele permanece no Abismo, secretando seus elementos em torno de seu Ego como que isolado do Universo, e torna-se o que é chamado um “Irmão Negro”. Um tal ente é gradualmente desintegrado por falta de nutrição e a lenta mas certa ação da atração do resto do Universo, a despeito de seus desesperados esforços para insular-se e proteger-se e para aumentar-se através de práticas predatórias. Ele pode, mesmo, prosperar por algum tempo; mas ele deve por fim perecer, principalmente quando, com um novo Æon, uma nova Palavra é proclamada, a qual ele não pode e não quer ouvir, de maneira que continua a trabalhar com a desvantagem de que tenta utilizar um método obsoleto de Magia – qual um homem com um bumerangue numa batalha em que todos os outros usam rifles.[10]

  1. O Grau de Adeptus Major confere Poderes Mágicos (propriamente ditos) de segunda ordem.

Seu trabalho é usá-los para manter a autoridade do Adepto Exempto seu superior. (Isto não deve ser entendido como uma obrigação de servidão pessoal, ou mesmo de lealdade; mas como uma parte necessária de seu dever de ajuda aos seus inferiores. A autoridade do Adepto Instrutor e Governante é a base de todo trabalho ordeiro.)

Para atingir o Grau de Adeptus Exemptus, ele deve realizar Três Tarefas: a aquisição de absoluta Confiança em Si mesmo, trabalhando em completo isolamento e no entanto transmitindo a palavra de seu superior clara, poderosa e sutilmente; compreensão e uso da Roda de Força sob suas três formas sucessivas de Radiação, Condução e Convecção (Mercúrio, Enxofre e Sal; ou Sattvas, Rajas, Tamas) com suas correspondentes naturezas em outros planos; emprego de seu completo poder e autoridade para governar os Membros dos Graus mais baixos, com vigor e iniciativa equilibrados por tal forma a não admitir nem disputas nem queixas. Para este fim, ele deve empregar, a fórmula chamada “A Besta copulando com a Mulher”, que estabelece uma nova encarnação da deidade; qual nas lendas de Leda, Semele, Miriam, Pasiphae e outras. Ele deve estabelecer este ideal para as ordens que ele governa, para que elas possam ter um não tão abstrato ponto de contato para seus estágios pouco evoluídos.

  1. O Grau de Adeptus Minor é o principal tema das instruções da A∴A∴. É caracterizado pela Consecução do Conhecimento e Conversação do Sagrado Anjo Guardião (Veja-se o Equinócio, O Templo do Rei Salomão; Liber 418, Oitavo Æthyr; também Liber Samekh, etc. etc.). Esta é a tarefa essencial de todo homem; nenhum outro trabalho possui a mesma importância, quer para o progresso pessoal, quer para a capacidade de auxiliar o próximo. Sem isto, o homem não é mais que o mais infeliz e mais cego dos animais. Ele tem consciência de sua incompreensível calamidade, mas é desajeitadamente incapaz de repará-la. Com isto, ele é nada menos que o co-herdeiro de deuses, um Senhor de Luz. Ele está cônscio de seu próprio caminho consagrado, e confiantemente pronto a percorrê-lo. O Adeptus Minor necessita pouco auxílio ou direção mesmo de seus superiores na nossa Ordem.

Seu trabalho é manifestar a Beleza da Ordem ao mundo, da maneira que os seus superiores prescrevem, e seu gênio dita.

Para atingir o Grau de Adeptus Major, ele deve realizar duas tarefas: equilíbrio de si mesmo, principalmente no que se refere às suas paixões, de forma que ele não tenha preferência para com qualquer curso de conduta sobre outro; e cancelação de todo ato pelo seu complemento, de forma que o quer que ele faça o deixe sem tentação de desviar-se do caminho de sua Verdadeira Vontade.

Esse equilíbrio das paixões e dos atos compõe a primeira tarefa.[11]

Segunda tarefa: Ele deve manter silêncio enquanto prega seu corpo à árvore de sua vontade criadora, na atitude daquela Vontade, deixando que sua cabeça e braços formem o símbolo de Luz, como que para jurar que todo o seu pensamento, palavra ou ato expressará a Luz derivada do Deus com o qual ele identificou sua vida, seu amor e sua liberdade, simbolizados pelo seu coração, seu falo e suas pernas. É impossível estabelecer regras precisas pelas quais um homem possa alcançar o Conhecimento e Conversação de seu Sagrado Anjo Guardião; este é o segredo particular de cada um de nós; um segredo que não é para ser dito, ou mesmo adivinhado por qualquer outro, qualquer que seja seu grau. Isto é o Santo dos Santos, em que cada homem é seu próprio Alto Sacerdote; e nenhum conhece o Nome do Deus de seu irmão, ou o Rito pelo qual Ele é invocado.

Os Mestres da A∴A∴não tentaram, portanto, instituir qualquer ritual para esta Tarefa central da Ordem, além das instruções generalizadas em Liber 418 (Oitavo Aethyr) e o detalhado Cânon e Rubrica da Missa utilizada, com sucesso, por Frater Perdurabo em Sua consecução. Isto foi escrito por Ele mesmo em Liber Samekh. Mas eles tem tornado pública narrações tais como aquelas no Templo do Rei Salomão e em João São João.[12]Eles tomaram a única atitude apropriada: treinar aspirantes a esta consecução na teoria e prática de  Magick e Misticismo em todos os seus ramos essenciais, para que cada homem possa tornar-se perito em todas as armas conhecidas, e portanto livre para escolher aquelas que (sua própria experiência e instinto ditarem como devidas) são apropriadas quando ele ensaia o Grande Experimento.

O Adeptus Minor é também treinado no único hábito essencial ao Membro da A∴A∴: ele deve considerar todas as suas consecuções como propriedade primária dos aspirantes menos avançados que são confiados aos seus cuidados.

Nenhuma consecução é oficialmente reconhecida pela A∴A∴ a não ser que o inferior imediato da pessoa em questão tenha sido preparado, por ele, para substituí-la.

Esta regra não é sempre rigidamente aplicada, pois causaria congestão, principalmente nos graus menos elevados, onde a necessidade é maior, e as condições mais confusas; mas nunca é relaxada na R.C. ou S.S., salvo em Um Caso.

Existe também uma regra que os Membros da A∴A∴ não se conhecerão uns aos outros oficialmente, salvo apenas cada Membro seu superior, que o introduziu, e seu inferior que foi por ele introduzido.

Esta regra foi relaxada, e um “Grão Neófito” foi nomeado para superintender todos os Membros da Ordem da A.D. O verdadeiro objeto da regra era impedir que Membros do mesmo Grau trabalhassem juntos, assim obscurecendo cada um a individualidade do outro; e também para prevenir que o trabalho se transformasse em contato social.

A Ordem da A.D.

Os Graus da Ordem da A.D. estão completamente descritos em Liber 185[13]e não há necessidade de amplificar aqui o que lá foi dito. Deve-se, no entanto, cuidadosamente frisar que cada um desses Graus preliminares contém certas tarefas apropriadas, e insiste-se sobre a ampla consecução de toda e cada uma da maneira mais rígida.[14]

Membros da A∴A∴de qualquer grau não são obrigados, não se espera deles, e nem mesmo são encorajados a trabalhar em quaisquer linhas especiais, ou com quaisquer objetivos exceto os estabelecidos acima. Existe, entretanto, uma proibição absoluta de aceitar dinheiro, ou qualquer recompensa material, direta ou indiretamente, por qualquer serviço em relação à Ordem, para lucro ou vantagem pessoal. A penalidade é expulsão imediata, sem possibilidade de readmissão em quaisquer circunstâncias.

Mas todos os Membros devem necessariamente trabalhar de acordo com os fatos da Natureza, da mesma forma que um arquiteto deve tomar em consideração a Lei de Gravidade, ou um marinheiro calcular as correntes marítimas.

Portanto, todos os Membros da A∴A∴trabalham pela Fórmula Mágica do Æon.

Eles aceitam o Livro da Lei como a Palavra e a Letra da Verdade, e a única Regra de Vida[15]. Eles reconhecem a autoridade da Besta 666 e da Mulher Escarlate tal como está definida no livro, e aceitam a Sua Vontade[16]como concentrando a Vontade de nossa Inteira Ordem. Eles aceitam a Criança Coroada e Conquistadora como o Senhor do Æon, e esforçam-se por estabelecer Seu reino na Terra. Eles admitem que “A palavra da Lei é ΘΕΛΗΜΑ” e que “Amor é a lei, amor sob vontade”.

Cada Membro deve ter por principal propósito o descobrir para si mesmo sua real vontade, e fazer essa vontade e nada mais.[17]

Ele deve aceitar essas ordens no Livro da Lei que se aplicam a ele[18]como necessariamente de acordo com sua vontade real, e executar as mesmas ao pé da letra com toda a energia, coragem e habilidade que ele puder comandar. Isto se aplica especialmente ao trabalho de extensão da Lei no mundo, em que a prova dele é seu próprio sucesso, testemunho de sua Vida à Lei que lhe deu luz em seus caminhos, e liberdade para percorrê-los. Assim fazendo, ele paga sua dívida para com a Lei que o libertou, trabalhando sua vontade para libertar todos os homens; e ele se prova um verdadeiro homem em nossa Ordem por querer trazer seus semelhantes à liberdade.

Assim se dispondo, ele se preparará da melhor forma para a tarefa de compreender e adquirir os diversos métodos técnicos prescrevidos pela A∴A∴para consecução Mística e Mágica, assim se armando apropriadamente para a crise de sua carreira na Ordem: a obtenção do Conhecimento e da Conversação do seu Sagrado Anjo Guardião.

Seu Anjo o levará logo ao pico da Ordem da R.C. e o preparará para enfrentar o indescritível horror do Abismo que divide a Humanidade da Divindade; ensiná-lo a Saber aquela agonia, Ousar aquele destino, Querer aquela catástrofe, e Calar para sempre quando efetua o ato de aniquilação.

Do Abismo sai Ninguém; mas uma Estrela surpreende a Terra, e nossa Ordem regozija-se acima do Abismo que a Besta engendrou mais um Bebê no Útero de Nossa Senhora, Sua Concubina, a Mulher Escarlate, BABALON.

Não há necessidade de instruir um Bebê assim nascido, pois no Abismo foi purificado de todo veneno da personalidade; sua ascensão ao mais alto está assegurada, em sua estação; e ele nem tem necessidade de estações, pois está consciente de que todas as condições não são mais que formas da sua fantasia.

Tal é um breve relato, adaptado tanto quanto pode ser à inteligência do aspirante médio ao Adeptado, ou à Consecução, ou Iniciação, ou Irmandade, ou União com Deus, o Desenvolvimento Espiritual, ou estado de Mahatma ou Libertação, ou Ciência Oculta, ou qualquer outro nome que possa ser dado à mais íntima necessidade de Verdade, de nossa Ordem da A∴A∴.

Está redigido principalmente para despertar interesse nas possibilidades do progresso humano, e para proclamar os princípios da A∴A∴.

O esquema dado acima dos diversos passos sucessivos é exato. As duas crises – o Anjo e o Abismo – são aspectos necessários de toda carreira. As outras tarefas não são sempre executadas na ordem dada. Um homem pode, por exemplo, adquirir muitas das qualidades peculiares do Adeptus Major, e, no entanto, faltarem-lhe algumas das qualidades do Prático[19]. Mas o sistema aqui descrito mostra a correta ordem dos fatos, qual são arranjados na Natureza; e em nenhum caso é seguro para um homem o negligenciar a conquista de qualquer detalhe, por tedioso ou desagradável que pareça. Frequentemente, um detalhe assim parece; isto apenas significa quão urgente conquistá-lo. Desgosto para com o detalhe, ou desprezo por ele, testemunha uma fraqueza e falta de integridade na natureza que o repudia; essa falha particular nas defesas pode ser aquela que admitirá o inimigo no momento crítico de alguma batalha. Pior, a pessoa ficaria para sempre envergonhada se seu inferior viesse pedir-lhe conselho e auxílio no assunto de um tal detalhe, e ela não pudesse ser-lhe de serviço! O fracasso do inferior – seu próprio fracasso! Nenhum passo à frente, não importa quão bem conquistado, até seu inferior estar preparado para tomar o seu lugar!

Todo Membro da A∴A∴deve estar armado em todos os pontos, e perito no uso de todas as armas. Os exames em todos os Graus são estritos e severos; respostas vagas ou descuidadas não são aceitas. Em questões intelectuais, o candidato deve mostrar não menos comando do assunto do que se ele estivesse passando pelo exame final para Doutor em Ciência ou em Lei numa das melhores Universidades.

No exame de práticas físicas, existem testes estabelecidos. Em Asana, por exemplo, o candidato deve permanecer imóvel por um certo tempo[20], seu sucesso sendo medido por uma xícara cheia de água a transbordar que é colocada sobre a sua cabeça. Se ele derrama uma gota, é rejeitado.

Ele é provado em “Visão Espiritual” ou “Viagem Astral” através de um símbolo desconhecido e ininteligível, para ele; ele deve interpretá-lo através de uma visão, tão exatamente quanto se tivesse lido seu nome e descrição no livro ou manuscrito de que foi tirado.

O poder de fazer e imantar talismãs é provado como se eles fossem instrumentos científicos de precisão, o que eles são.

Na Qabalah, o candidato deve descobrir para si mesmo, e provar ao examinador além de qualquer disputa, as propriedades de um número nunca previamente examinado por qualquer estudante.

Em invocação, a força divina deve ser feita patente e tão facilmente reconhecível quanto os efeitos de clorofórmio; em evocação, o espírito chamado deve ser pelo menos tão visível e tangível quanto os vapores mais pesados; em adivinhação, a resposta deve ser tão precisa quanto uma tese, e tão acurada quanto um inventário; em meditação, os resultados devem soar como o relatório de um especialista sobre um caso clássico.

Através de tais métodos, a A∴A∴ tenciona tornar a ciência oculta tão sistemática e científica quanto a química; salvá-la da má reputação que por graças dos charlatões ignorantes e desonestos que têm prostituído o seu nome, e dos entusiastas fanáticos e cheios de preconceitos que têm feito dela um fetiche, a tornou um objeto da aversão precisamente dessas mentes cujo entusiasmo e integridade as fazem mais necessitadas dos seus benefícios, e mais merecedoras de recebê-los.

É a única ciência realmente importante, pois transcende as condições da existência material e, portanto, não perecerá com o planeta; e deve ser estudada como uma ciência, com ceticismo, e com a máxima energia e paciência.

A A∴A∴ possui os segredos do sucesso; não faz mistério de seus conhecimentos, e se os seus segredos não são por toda parte conhecidos e praticados, é porque os abusos associados com o nome de ciência oculta desencorajam investigadores oficiais de examinar a evidência à sua disposição.

Esta monografia não foi escrita apenas com o objeto de atrair pesquisadores individuais ao caminho da Verdade, mas também para afirmar a propriedade dos métodos da A∴A∴como base para o próximo grande passo no progresso do conhecimento humano.

Amor é a lei, amor sob vontade.

O. M. 7°=4A∴A∴
Præmonstrator da
Ordem da R… C…

Dado do
Collegium ad Spirictum Sanctum, Cefalú, Sicília,
no Décimo Sétimo Ano do Æon de Horus,
o Sol estando em 23° ♍e a Lua em 14° de ♓.

 

[1] N.M.: Ver Diagrama n° 2. Também A Cabala Mística, de Dion Fortune.

[2] N.M.: Ver o Currículo Preliminar ao fim desta pequena monografia. Outros livros, inclusive os mencionados aqui serão publicados quando for conveniente, pela primeira vez em português, inclusive manuscritos conservados sob absoluto segredo durante o Æon de Osiris.

[3] Os verdadeiros segredos são segredos pela simples razão que não podem ser compreendidos pelos profanos. A fórmula da Rosa-Cruz, se bem que parcialmente desvelada ao Zelator, só pode ser empregada quando, através da Conversação e Conhecimento do Sagrado Anjo Guardião, o Adepto é admitido ao Templo de Deus.

[4] N.M.: Ver Diagrama n° 2. Todas as Sephiroth estão ligadas à precedente e à subsequente, com exceção de 3 e 4. Por esta razão, é impossível passar diretamente de Chesed a Binah; o Adeptus Exemptus tem que ser arremessado ao Abismo. Ai dele se o seu momento (carma) não for suficiente, ou sua aniquilação completa!

[5] N.M.: Um “Equinócio dos Deuses” coincide geralmente com uma precessão dos equinócios, quando o trabalho de evolução é submetido a uma mudança das condições vibratórias do contínuo espaço-tempo.

[6] N.M.: Ver Liber II (A Mensagem do Mestre Therion) para melhor compreensão do significado desta sentença. O Mago, entretanto, age na Sephira de Chocmah, isto é, do Logos. Sua Vontade é a expressão mais alta da Palavra, ou vice-versa. Isto pertence às Superiores. Ver, também, A Cabala Mística, de Dion Fortune, artigo Chocmah.

[7] N.M.: Isto é, Chesed.

[8] N.M.: Depois que isto foi escrito, tornou-se aparente que O.I.V.V.I.O. havia falhado em aniquilar completamente a personalidade.

[9] N.M.: O Juramento é ouvido pelos Mestres do Carma, Senhores do Destino. Não é preciso dizer mais.

[10] N.M.: Tal é o caso dos “cristãos”, e especialmente da Igreja Católica no presente. O “Irmão Negro” está em contato com a Tríade Divina, e recusa a graça de Nossa Senhora BABALON, porque sabe que essa graça significa (do ponto de vista dele) a segunda morte.

[11] N.E.: Adição de Motta.

[12] N.M.: Tais narrações serão publicadas em português quando conveniente. [N.E.: Não existe, ao que tudo indica, tradução de “O Tempo do Rei Salomão” feita por Motta.]

[13] Este livro foi publicado no The EquinoxIII (2). [NE.: Que não foi lançado. Liber 185 veio a público com o Gems From the Equinox, compilado por Israel Regardie.]

[14] Liber 185 não precisa ser citado por inteiro. É necessário apenas dizer que o Aspirante é treinado sistematicamente e compreensivamente nas várias técnicas práticas que formam a base de Nosso Trabalho. Alguém pode se tornar um expert em uma ou todas estas sem necessariamente ter algum progresso verdadeiro, e prosódia sem estar apto a escrever uma única linha de boa poesia, embora o maior poeta em alma é incapaz de se expressar sem o auxílio daqueles três elementos da composição literária.

[15] Isso não está em contradição com o direito absoluto de toda pessoa fazer sua própria Vontade verdadeira. Mas qualquer Vontade Verdadeira está em necessária harmonia com os fatos da Existência; e recusar-se em aceitar o Livro da Lei é criar um conflito na Natureza, como se um físico insistisse em usar uma fórmula incorreta de mecanismos como base de algum experimento.

[16] “Suas Vontades”– e não, naturalmente, seus desejos como seres humanos individuais. Suas Vontades como oficiantes do Novo Æon. [N.M.: Se eles tentassem imiscuir suas personalidades com Seus Cargos, sua punição seria instantânea às mãos da Criança Coroada e Conquistadora.]

[17] Não é considerado “essencial para a reta conduta” o ser um propagandista ativo da Lei; ela pode, ou não, ser a Verdadeira Vontade de qualquer pessoa particular. Porém desde que o propósito fundamental da Ordem é promover a Consecução da humanidade, do membro implicado, pela definição, a Vontade de ajudar a humanidade pelo significado melhor adaptado para tal.

[18] N.M.: É ele quem decide quais se aplicam e quais não, e ninguém mais.

[19] Os talentos naturais dos indivíduos diferem muito extremamente. Sir Richard Jebb, um dos maiores estudantes clássicos dos tempos modernos, foi tão inferior em cálculos medíocres de matemática, que apesar de repetidos esforços não pode fazer uma “pequena visita” em Cambridge – de qual a mente mais sombria pode normalmente ser capaz. Ele foi tão profundamente estimado por seus clássicos que uma “Graça” especial foi concedida como para matricula-lo. Similarmente um brilhante Exorcista poderia ser um incompetente Adivinhador. Em tal caso, a A∴A.·. rejeitaria desviar-se de Seu sistema; o Aspirante seria compelido a ficar na Barreira até que conseguisse suplantá-la, embora uma nova encarnação seja necessária para permitir que isto acontecesse. Mas nenhuma falha técnica de qualquer tipo que seja poderia necessariamente o prevenir de chegar nas Duas Tarefas Críticas, desde que o fato de sua própria encarnação prova que ele tomou o Juramento que o intitula a alcançar o Conhecimento e Conversação do Sagrado Anjo Guardião, e à aniquilação desse Ego. Alguém poderia, no entanto, ser um Adeptus Minor ou até um Magister Templi, em essência, embora recusado do reconhecimento oficial da A∴A∴tal como um Zelator devido a (dizer) um defeito nervoso que o impediu de adquirir a Postura que fosse “firme e confortável” tal como é requerido pela Tarefa deste grau.

[20] N.M.: Em geral, uma hora.

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